"É claro que também existe beleza na favela", anunciou o fotógrafo Léo Lima quando começou a mostrar para a nossa turma uma parte das fotografias que ele vem realizando na comunidade do Jacarezinho, onde vive. Léo tem 24 anos e começou a fotografar profissionalmente há apenas três. Formado pela Escola de Fotógrafos Populares do Observatório de Favelas, ele tem um rico portfólio que retrata a intimidade do cotidiano dos moradores do Jacarezinho, e de outras comunidades, como nenhum meio de comunicação faz.
Além de dar aulas de pinhole no Observatório, Léo produz conteúdo para a agência Imagens do Povo. Ele veio nos visitar para compartilhar com os alunos sua experiência na construção de imagens que apresentam cenas do dia a dia em sua comunidade, como um churrasco na laje ou uma procissão em homenagem à São Sebastião.
A importância dessa voz que surge em contraponto à cobertura dos grandes veículos que retratam a favela apenas como o lugar da violência e do medo foi o tema central da nossa conversa. As fotos de Léo são impregnadas de uma alegria contagiante, desde uma garotinha correndo em um beco às marcas de expressão mais profundas no rosto de uma senhora. As imagens nos remetem a uma enorme riqueza de significados em relação às circunstâncias em que foram realizadas e também funcionam como representações raramente veiculadas da vida na comunidade.
Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer alguém que também vive em uma favela, e que construiu um discurso artístico, social e político a respeito de si e de sua comunidade por meio da fotografia. O trabalho do Léo permitiu a expansão não só da sua própria visão de mundo, mas da nossa também, pois sua produção artística nos revelou as coisas por outros ângulos.