Já experimentou fechar os olhos e perceber o mundo por meio da audição? Nossa turma aproveitou a tranquilidade do Jardim Botânico para realizar essa experiência. Passamos dez minutos sentados no gramado, com os olhos vendados, ouvindo os sons ao redor.

Passear pelo Jardim Botânico é como visitar um lugar fora da cidade. Um desafio foi lançado para aguçar a capacidade de percepção. Cada aluno deveria olhar atentamente para as árvores em busca de uma com a qual se identificasse. Em seguida, a árvore escolhida deveria ser fotografada e seus “pensamentos” anotados pelos alunos em seus cadernos.

Nossas saídas têm sido cada vez mais produtivas. Além de buscar o Rio vivido por Machado de Assis, os alunos começaram a intervir nos lugares visitados recriando situações inspiradas nos contos lidos em sala de aula.

No dia 1 de julho, um domingo, começamos nossas atividades bem cedinho subindo a ladeira para visitar a Igreja do Outeiro da Glória, construída no séc. XVIII. Ao chegar lá em cima, tocavam os sinos que assinalavam o encerramento da primeira missa do dia. Fomos muito bem recebidos pelos padres, que se vestem com batinas parecidas com aquelas usadas no século XIX.

Ruan e Franciele pediram a um dos padres que posasse para uma foto. Curiosos, os outros padres logo se aglomeraram ao nosso redor para saber como funcionam nossas câmeras. Jailton aproveitou as ruínas de uma escadaria para fotografar o momento inicial do "Conto de Escola", quando o personagem Pilar se vê dividido entre faltar ou não às aulas.

Pouco antes do almoço, seguimos para o jardim do Palácio do Catete, hoje Museu da República. O enorme jardim possui várias construções originais da época em que foi construído durante meados do séc. XIX e muitas árvores centenárias. Assim que chegamos, Augusto se deparou com um coreto e buscou o melhor enquadramento para fotografá-lo, sem deixar elementos dos dias de hoje aparecerem na foto.

Nosso dia terminou no Largo do Boticário, no Cosme Velho. Um beco estreito nos conduziu ao espaço aberto e sombreado do Largo, margeado por algumas casas antigas. Lá o rio Carioca ainda corre a céu aberto. Lucas fotografou as irmãs Yara e Yasmin com uma placa de "Vende-se" pendurada no pescoço, fazendo alusão ao conto "Anedota Pecuniária", cujo personagem principal vende as duas sobrinhas.

Ninguém imaginava que o Palácio do Itamaraty, a primeira sede do nosso governo, que hoje funciona como uma extensão do Ministério das Relações Exteriores, teria um jardim tão bonito. Os reflexos das palmeiras na superfície do lago, onde nadavam carpas e cisnes, cativaram a atenção de todos imediatamente, inspirando os alunos a posicionar suas câmeras pinhole.

Do Palácio partimos para o outro lado da Av. Presidente Vargas para visitar o Campo de Santana, também conhecido como Praça da República. O Campo de Santana, que durante o século XVIII era considerado o marco divisor entre a cidade do Rio de Janeiro e a zona rural, hoje é um parque cuja manutenção e policiamento são precários, e onde as pessoas costumam abandonar animais. Durante nossa visita, nos lembramos do início de “Conto de escola”, quando o narrador menciona o local:

“Hesitava entre o morro de S. Diogo e o campo de Sant’Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos.”